Entrevista: Tecnologias emergentes: O que podemos esperar delas?
Tecnologias como a inteligência artificial (IA) e Blockchain tendem a gerar um grande buzz, e às vezes o barulho gerado pelo burburinho pode ofuscar o potencial delas. DXC Technology apresenta uma perspectiva única — embasada na realidade — sobre as tecnologias que estão em alta hoje.
Quais são as tecnologias emergentes mais promissoras e quais os seus impactos?
IA, internet das coisas (IoT) e Blockchain continuam sendo colocados na categoria de tecnologias emergentes, mas o foco deve ser em como essas tecnologias são aplicadas. Há algo em comum entre elas: todas são facilitadoras que têm que ter aplicações tangíveis para gerar resultados significativos para a nossa vida.
Não deveríamos aceitar implementações ruins de tecnologias que esperam que as pessoas se adaptem a elas. As tecnologias emergentes têm que servir para o que os usuários precisam dentro de um contexto. Elas devem se tornar ferramentas pragmáticas que se adaptam às diferentes maneiras em que trabalhamos e nos divertimos.
Como será a evolução centrada nos humanos?
Considere a IA, por exemplo. Chatbots de inteligência artificial com os quais podemos conversar podem chegar a um ponto em que eles sejam um pouco mais do que uma curiosidade.
Vamos levar em consideração, de modo mais substancial, o que a IA pode fazer por nós. Hoje, ainda esperamos que os humanos façam uma série de registros de dados repetitivos e, portanto, desnecessários. Estamos vendo que aplicações de IA podem observar e aprender a fazer esse tipo de trabalho repetitivo no nosso lugar. Isso nos libera tempo para fazer um trabalho de maior valor criativo. Por exemplo, como um prestador de serviços que ao oferecer uma melhor experiência para o cliente se diferencia bastante das outras empresas que possuem uma visão mais limitada.
Ou então, a internet das coisas (IoT). Dispositivos equipados com sensores podem se tornar seu assistente, atuando como seus olhos e ouvidos. Um contêiner equipado com sensores de entrega inteligente pode informar sua localização, sua condição e seu estado aos participantes de uma complexa rede de fornecedores.
O que será uma experiência personalizada com o uso do blockchain?
A identidade auto soberana ou “self-owned” se encaixa muito bem para tecnologias distribuídas, como blockchain. Hoje, minha habilidade de provar que eu realmente sou quem eu digo que sou vem geralmente de terceiros — uma corporação ou uma organização governamental. Eu posso mostrar uma carteira de motorista ou um cartão de plano de saúde para um provedor de serviços médicos para provar duas coisas — quem eu sou e que eu posso pagar a conta.
No entanto, toda a informação que está na minha carteira de motorista não é necessária para que aconteça o atendimento médico. Além disso, os mesmos meios que uso para a verificação de identidade podem ser facilmente usados de forma desapropriada para o roubo de identidade.
Estamos compartilhando demais nossas informações pessoais, de modo desnecessário, e é nisso que o blockchain pode ajudar. Tecnologias de identidade auto soberana permitidas pelo blockchain servem como alternativas a carteiras de identidade tradicionais.
Provas de zero conhecimento (ZKP, Zero knowledge proofs, na sigla em inglês) que estendem a identidade auto soberana te deixam fazer afirmações verificáveis com provas para uma entidade, sem que ela descubra qualquer outra coisa sobre você.
Em vez de carregar provas físicas de identidade ou de seguro, eu posso usar uma alternativa baseada em blockchain para fazer com que a mesma prova seja acessível de uma forma muito mais segura.
Também posso fazer afirmações mais refinadas. Minha carteira de motorista pode ter seis tipos diferentes de informação, e eu posso separá-los em seis afirmações independentes para que eu só forneça uma informação verificável quando necessário. Por exemplo, o consultório do meu dentista pode receber informações confiáveis sobre a minha identidade, o meu seguro (para saber mais sobre como o blockchain pode ser usado neste mercado, clique aqui) e minha cobertura do plano, sem incluir informação que não é relevante para o propósito, como minha altura ou a data de validade da minha carteira de motorista.
Como devemos julgar o sucesso de uma tecnologia emergente?
O que é mais interessante para mim é quando a tecnologia emergente deixa de ser excitante. Quando uma tecnologia muito legal se torna commodity, isso significa que ela amadureceu e que fomos bem-sucedidos. Hoje, por exemplo, não pensamos duas vezes sobre smartphones ou dispositivos que monitoram exercícios. Eles foram para o plano de fundo de nossas vidas. Eles se tornaram uma parte padrão do conjunto de aplicações.
Isso remete ao princípio que une as tecnologias emergentes. O objetivo máximo é melhorar a experiência prática humana de se usar a tecnologia no cotidiano.